Para mim, genial é a criança escalando uma árvore, correndo atrás da sombra etc., em detrimento da que “USA-O-TABLET-QUE-NEM-UM-ADULTO-DIGITA-TUDO-PRECISA-VER”.
A precocidade é o fim da criatividade selvagem da infância, do pouco tempo que nos resta com um exercício de pensar visceral, não pontuado por uma linguagem sistemática, por regras de ordenamento, ou exigência de funções específicas para movimentos, raciocínios, emissão de sons.
Que graça tem o dedo exatamente no ponto da tela do ecrã que aguarda cumprir uma função comum a qualquer toque de dedo ou qualquer outra coisa? Um dedo na tomada, no olho, no cocô do gato é muito mais fértil para as excitadas sinapses novatas. E o azul? Ver o azul (ou qualquer outra escala vibracional da onda de luz) sem saber que ele é o azul, a cor do céu? E o rosto de alguém, reconhecer o rosto da alguém apenas pela imagem (que àquela altura é simplesmente é uma sensação captada pelos olhos preenchendo todo nosso cérebro, nem se sabe ser imagem) do rosto, saber ser ele alguém sem saber o nome que usam para chamar aquele alguém?
Bebês, gritai. Haverá tempo de sobra para falar depois.
[publicado originalmente em 17/01/2013 no facebook.com/joaogrando]