Usando uma vela de metáfora, dizia a mina (porque era uma guria de 13 anos): “eu tenho de queimar, todos tem de queimar”; inda que recepcionava a mensagem com seriedade digna das metáforas e das religiões ou de quaisquer assuntos espitiruais e poéticos (terreno fértil das metáforas) e mesmo concorde ao clima fraternal da missa católica, um por cento da minha exegese ria-se ao associar o discurso à rosca: "todos temos de queimar”, “o padre queima”, “sem queimar não somos gente".
A bobagem (e a potencial piada) tem seu escaninho garantido (paralelo aos demais, especialmente ao assunto principal da hora, e sempre pronto a cruzá-los) no pensamento, por mais que seja apenas de sessenta por cento.
Assim como indubitavelmente a pulsão sensual: mesmo numa missa, num funeral, num defunto etc.
Talvez a única poderosa arma contra isso seja o amor paterno (e sua versão original e arrasadora – o materno).
Mas isso nem é o caso de se discutir agora. Dispenso a discussão, fico com o assunto: criticava teoricamente os pais que abandonam tudo pelos filhos: o que envolve desde postar fotos no Orkut exclusivamente com a criança e todas as possíveis da criança sozinha, até inscrever a filha no balé, inglês, piano e defendê-los com unhas e dentes sem lograr atingir uma distância de olhar neutro e, a mais grave conseqüência, esquecer-se de si mesmo – quebrar a barreira do egoísmo fundamental.
Mas o “como sabê-los?” da questão deu-me um tapa de luva ou soco no queixo com uma pequena demonstração já subentendida no diminutivo da alcunha padrinho.
Minha crítica era teórica. Aliás, é da crítica ser teórica, ser cri-cri, ser fria, finalmente ser o contraponto à gratuidade da estética do emocionante; é o que lhe impede de escrever encontros em aeroportos no final do filme e mais infinitesimal e subjetivamente harmonizar criações em geral. A crítica é teu pai, ou teu amigo, ou tua mãe, ou teu mordomo assassino lhe aconselhando a largar a vaca pela qual se apaixonaste – mas que é linda e parece gostar tanto de ti.
Sou rigoroso com os critérios para o adjetivo “melhor” (e sonho um dia em não ter mais que usá-lo, inutilizando-o sob o foco nas características – o tal “nem melhor, tampouco pior, apenas diferente”), sempre o relativizando e apelando a termos como “mais importante”, “destaque”, “para mim” etc. inda mais numa questão como os bebês, que como os cachorros são bonitos todos, e talvez os nomes próprios e talvez sejam as coisas todas feias e bonitas na mesma medida conforme o contexto – mas o que não disse e me coçou a goela (margem para os dez, vinte por cento) era que Manoela é o BEBÊ MAIS LINDO DO MUNDO.
A bobagem (e a potencial piada) tem seu escaninho garantido (paralelo aos demais, especialmente ao assunto principal da hora, e sempre pronto a cruzá-los) no pensamento, por mais que seja apenas de sessenta por cento.
Assim como indubitavelmente a pulsão sensual: mesmo numa missa, num funeral, num defunto etc.
Talvez a única poderosa arma contra isso seja o amor paterno (e sua versão original e arrasadora – o materno).
Mas isso nem é o caso de se discutir agora. Dispenso a discussão, fico com o assunto: criticava teoricamente os pais que abandonam tudo pelos filhos: o que envolve desde postar fotos no Orkut exclusivamente com a criança e todas as possíveis da criança sozinha, até inscrever a filha no balé, inglês, piano e defendê-los com unhas e dentes sem lograr atingir uma distância de olhar neutro e, a mais grave conseqüência, esquecer-se de si mesmo – quebrar a barreira do egoísmo fundamental.
Mas o “como sabê-los?” da questão deu-me um tapa de luva ou soco no queixo com uma pequena demonstração já subentendida no diminutivo da alcunha padrinho.
Minha crítica era teórica. Aliás, é da crítica ser teórica, ser cri-cri, ser fria, finalmente ser o contraponto à gratuidade da estética do emocionante; é o que lhe impede de escrever encontros em aeroportos no final do filme e mais infinitesimal e subjetivamente harmonizar criações em geral. A crítica é teu pai, ou teu amigo, ou tua mãe, ou teu mordomo assassino lhe aconselhando a largar a vaca pela qual se apaixonaste – mas que é linda e parece gostar tanto de ti.
Sou rigoroso com os critérios para o adjetivo “melhor” (e sonho um dia em não ter mais que usá-lo, inutilizando-o sob o foco nas características – o tal “nem melhor, tampouco pior, apenas diferente”), sempre o relativizando e apelando a termos como “mais importante”, “destaque”, “para mim” etc. inda mais numa questão como os bebês, que como os cachorros são bonitos todos, e talvez os nomes próprios e talvez sejam as coisas todas feias e bonitas na mesma medida conforme o contexto – mas o que não disse e me coçou a goela (margem para os dez, vinte por cento) era que Manoela é o BEBÊ MAIS LINDO DO MUNDO.
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