A vida toda passar no instante antes da morte não tem nada que ver com um vídeo ou uma apresentação de slides em altas rotações; é sim um acúmulo sequencial de sensações abruptamente revivido (o quase pleonasmo subentendido na essência sequencial da ação acumular está aqui para denotar um acúmulo²).
Tudo o que foi vivido é a extensão de uma mesma energia, que se distende em passado, futuro e presente; no tecido esticado revelam-se pequenas ranhuras apreendidas como tristeza, euforia, paz, fúria, paixão, medo, vitória, jantar, curativo, beijo, prédio, gasoso, premonição, girafa, distância entre a cadeira e a mesa, computador estragado, poste no ponto de destino do carro desgovernado, ver, sono, João, sim, talvez (...) etc.
Na morte, esta faixa espaço-temporal se recolhe a um estado compacto, como um Big Bang ao contrário - um estado de densidade e calor máximos: alguns lembram do calor, e a chamam inferno; outros, da densidade, e a chamam paraíso.
Pois se no acúmulo está o tempo atrelado compulsoriamente ao espaço, a duração se adapta à exata medida de tempo que usamos: é a vida toda, não há dúvida: dura a vida toda de novo: a memória toda lembrada de uma vez, sem entanto haver ocorrência possível de vez – a essência do zero.
À medida que a cosmologia avança, ela parece estar desvendando um crime, e o crime se parece muito com o que os budistas, cristãos, gregos clássicos, indianos antigos e tantos outros povos testemunharam.
Um furacão estudado, do qual a destruição, a parte destruída, a parte preservado, tudo é perceptível, mas o epicentro é sempre uma interrogação.
O limite pode não ser o fim, mas de além dele não sabemos; é como o limite do nosso campo de visão o limite da nossa memória, e como eles o limite do nosso universo.
Tudo o que foi vivido é a extensão de uma mesma energia, que se distende em passado, futuro e presente; no tecido esticado revelam-se pequenas ranhuras apreendidas como tristeza, euforia, paz, fúria, paixão, medo, vitória, jantar, curativo, beijo, prédio, gasoso, premonição, girafa, distância entre a cadeira e a mesa, computador estragado, poste no ponto de destino do carro desgovernado, ver, sono, João, sim, talvez (...) etc.
Na morte, esta faixa espaço-temporal se recolhe a um estado compacto, como um Big Bang ao contrário - um estado de densidade e calor máximos: alguns lembram do calor, e a chamam inferno; outros, da densidade, e a chamam paraíso.
Pois se no acúmulo está o tempo atrelado compulsoriamente ao espaço, a duração se adapta à exata medida de tempo que usamos: é a vida toda, não há dúvida: dura a vida toda de novo: a memória toda lembrada de uma vez, sem entanto haver ocorrência possível de vez – a essência do zero.
À medida que a cosmologia avança, ela parece estar desvendando um crime, e o crime se parece muito com o que os budistas, cristãos, gregos clássicos, indianos antigos e tantos outros povos testemunharam.
Um furacão estudado, do qual a destruição, a parte destruída, a parte preservado, tudo é perceptível, mas o epicentro é sempre uma interrogação.
O limite pode não ser o fim, mas de além dele não sabemos; é como o limite do nosso campo de visão o limite da nossa memória, e como eles o limite do nosso universo.