A sexta santa foi calor. A noite foi daquelas noites que só nela é possível encarar a rua (tal como uma personagem masculina de Machado de Assis que preferia a noite ao dia, cujo conto a que pertencia não me recordo pois havia confundido com Miss Dollar, que li também em 2002, possivelmente), embora durante dia inteiro tenha sido pouco possível ficar em qualquer lugar (aí se inclui a casa) sem esquentar muito.
Ideal p/ aventuras noturnas. Eu imagino na praia, à qual este ano não fui. Sábado o mesmo: mormaço, noite tropical.
E comemorava-se nesta época Cristo morto. Porém nenhum silêncio.
O domingo em si, o dia da ressurreição, foi cinza.
Nenhum barulho.
Cristo está de volta. E volta a melancolia, a reflexão.
* * *
Ontem, fazendo o caminho POA-Canoas, presenciei o incêndio na fábrica de fertilizantes Yara, que segundo a minha mãe era de velas. A fumaça preta já alcançava muitos metros. Claro que deixarei bem claro que não é uma coisa boa incêndio, vai ter problema para muitas pessoas, embora graças a deus (que estava comemorando seu 1975º aniversário de ressurreição) não houve ferido algum, mas essa desgraça toda, poluição causada, isso tudo é horrível etc.
Mas a sensação era a de ver uma nuvem do mal de perto. Era de ver o poder do fogo.
E era fascinante:
uma coisa muito maior, muito mais leve e muito mais poderosa que nós, mexendo-se, no céu.
Tanto que uma porção (talvez até uma multidão) de curiosos aglomerou-se nos arredores do infortúnio.
Hoje faz uns 28ºC e está nublado. Passou por mim hoje no centro de Canoas um cara igual ao Shyamalan, ou ao menos igual (no sentido de "lembra") a todos os outros descendentedes de indianos.
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