A ROSA
Fala-se em haver (nos olhos, na boca, na vagina, no coração)
rosas.
Quando ela é uma
orelha.
Quando nela
se escondem os
cabelos como laços
que se voltam sugados um pouco
para trás dela, como se o corpo fosse
um lençol com um peso (ela, afinal) em cima.
Em suma, como se o corpo estivesse sempre deitado,
olhe a orelha:
se falasse, falaria
como criou o corpo todo
ao ouvir cada instrução, para cada parte que,
a partir dela, cega e muda, fora construída. Uma flor, de fato,
semeando.
Ou, se falasse, confessaria
que fora posta no final,
como um adorno último,
que também é uma ferramenta
para o corpo se saber quão belo.
Como um beijo, posto rosa,
não se pode saber ao certo se
veio antes ou depois.
Que com um beijo na orelha
inicia-se tudo, ou com o mesmo
se consagra tudo.
Olha, com calma:
se não falar, ela deixa olhar.
Se falasse, a orelha não seria
rosa.
Ora
se a orelha não fala
é fato que seja rosa:
seu cheiro em sentido inverso
o som.
.^^.

segunda-feira, 5 de maio de 2008
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Ah João, para poesia assim..louca e linda..não tenho orelhas moucas, escuto e eecuto e saio, silenciosamente, apenas com o som das suas belas palavras.
ResponderExcluirAmei, de verdade.
beijos
[...] e horas), antes de sair de casa ouvi uma reportagem que quem via era outra pessoa a respeito de uma rosa que nascera espontaneamente sem espinhos em [...]
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