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quinta-feira, 28 de agosto de 2008

a arte dá nos nervos

"Nessuna cosa si può amare nè odiare, se prima non si há cognition de quella"
Leonardo da Vinci







O




que me dá nos nervos na arte e ao mesmo tempo me encanta é o modo como ela se disfarça de outras coisas dando uma atmosfera poética a estas coisas – a atmosfera poética é um estado de atenção amplificada, que torna os detalhes poéticos – a palavra poética em si já substitui todas as outras: a atmosfera melancólica é um estado depressivo que faz qualquer detalhe parecer triste e assim vai indo, e a possibilidade deste sistema lingüístico (ou mais que isso, sensorial) de percepção é que determina a poesia.
Há trabalhos de intervenção urbana performática que discorrem sobre passar perigo em ambientes urbanos: mas se passa muito menos perigo que qualquer praticamente médio de le parkon. O que em princípio diminuiria qualquer mérito do aventureiro artístico. Mas é na maneira como olha e como faz olhar (convidando) que mora a arte. Fazer conscientemente, falar da feitura fazendo, vivenciando, experimentando. É o que se recorta dali. Por isso alguns riscos em galerias valem tanto mais que outros muito mais numerosos e de “qualidade técnica” (aspas para relativizar) superior num esboço do Alex Ross. O erro está em quem se perde nesta avaliação (e até formandos em artes fazem isso) e analisa o material em si, quando em verdade ele é peça em favor de uma idéia.Peça porque se trata de uma equação, que como equações avançadas contam com referenciais. Às vezes são equações para provarem conjeturas. E às vezes a arte é a conjetura em si, os estros adivinhando possibilidades que a física quântica talvez burocratize.Mas as criações subjetivas que fiquem para as apreciações subjetivas, que aí se conversam na mesma língua, poderíamos dizer. Eu fiz uma interpretação de Paranoid Park e da relação deste filme com sua música, depois descobri que muitas combinações foram feitas ao acaso por Van Sant – mas a essência faz sentido, a obra se fecha, no sentido de estar redondo, de ser coesa dentro de si mesma (e também daquele papo que a obra pode fugir ao domínio do obreiro). O artista não pode escolher donde a bola virá, mas quando ela vir ele tem de saber aonde mandar. O action paiting de Pollock, para alguns yankees o ápice do modernismo e do grande diálogo da pintura, a ponto de pô-lo em termo, pode ter nascido ao acaso (isento-me aqui por não saber ao certo).Eu teria de ter em verdade o mérito do silêncio e não me pronunciar assim sobre este assunto. Mas escrevi escrevendo, e se tu lês agora é porque está publicado, para não perder mais tempo com isso – embora seja evidente que eu vá perder. Eu vejo pessoas com senso estético nato apurado, pessoas inteligentes, que escrevem bem e tudo o mais perdendo tempo com isso. Não há mais porque questionar a arte contemporânea. É uma discussão estéril. E Isso ocorre até com estudantes de arte que lêem livros sobre o assunto, que têm a oportunidade de estudar teoria e crítica de arte (leitura estimulante, aliás). Que dirá no meio virtual, que qualquer um escreve o que quer sem ter conhecimento prévio. E já que estamos num meio assim, eu me aproveito dele, dando um prato cheio para os que queiram criticar-me dizendo que apenas desfilo algumas obviedades e referências. Pois bem, lá vamos.A informação substituir a coisa em si, ou a todas as coisas, a referência substituir o referencial, para ser mais técnico, é uma característica do sistema pós-moderno, porque isso deixa tudo mais rápido, ou se faz necessário por ser a única possibilidade. E a internet atende a esta demanda ao dar espaço a todos, ao permitir que cada um crie a referência para si mesmo, ao iniciar um processo de relação de poder tal qual Foucault elucidou, de todos para com todos e não de cima para baixo. Mas neste jogo democrático, há uma possibilidade ruim ou, mais que isso, assustadora: a de as opiniões e pitacos (a referência) substituírem todo um conhecimento já erigido e registrado em livros (o referencial). Eu mesmo faço isso neste exato momento, chovo no molhado. Chovo no molhado porque qualquer livro decente sobre pós-modernismo responde a tantas questões filosóficas às quais estamos submersos. E qualquer livro decente de história da arte (ou mesmo indecente) torna a pergunta, a polêmica e tudo o mais que envolve arte contemporânea (ou Duchamp, desde a década de 20!) questões tão resolvidas que figurariam tranquilamente em enciclopédias (como de certa forma já figuram). As polêmicas autênticas podem ser igualmente estendidas para o passado também, percorrendo todas as páginas da enciclopédia.Não há porque reinventar a roda (a menos que seja uma reinvenção consciente, como a de Duchamp, ou como o plágio assumido na poesia, uma reinvenção que é no movimento/ ação e não no resultado (a hiper-Marylin Monroe de Warhol mitificada e ao mesmo tempo descartável, repetível – a sopa de tomate tal e qual)). Há que se usar a roda. A reinvenção pejorativa é a colaboração que não precisamos ler por aí. Questões quarentonas sendo levantadas, quando poderíamos discutir coisas deste sistema aceitando-o (porque é inevitável sua presença e importância) – e aí que está o mérito do silêncio: há quem as discuta, mesmo no meio virtual, então não se deve retroceder.

O lado vilão que existe é o caráter de dominação que as coisas tomam quando entram no poder, ou o exagero do outro lado para se manter – o PT antes e depois de ocupar a presidência. A não aceitação da arte funcional e aplicada em escolas de belas artes (o que não é tão condenável, afinal há o design gráfico e outros cursos) é que gera os tais engodos que irrita a tantos. BBB é legal. Não há mal nenhum em cantar Chitãozinho e Chororó em voz alta. O preconceito em relação à arte funcional, à comunicação em massa, ao entretenimento, ao popular é tão preconceito quanto qualquer outro, é tão fechado quanta a porta que fechavam para os impressionistas, que hoje estão por aí a enfeitar calendários em consultórios médicos. Mas cada um deve lutar pelo seu espaço sem degradar o que não conhece. Os que acreditam na arte como uma expressão pura e subjetiva de um talento (e eu creio nela como sendo assim também) têm espaço para exercer sua expressão – e creio que a Transvanguardia Italiana e consequentemente os escritos de Achille Bonito Oliva têm alguns elementos para embasar isso, tal qual o prazer da criação, o artista livre etc (embora eu inda me encante mais do movimento devido à difícil ironia visual que eles buscaram) – o espaço é de todos, prova disso é a exposição de street art que ocupa todo o Santander Cultural, um dos principais sítios de Bienal do Mercosul.
O que também irrita (e faz o papel de vilão da arte, generalizando a todos os envolvidos e os rebaixando a uns pseudo-intelectuais que de fato existem) são os recém-chegados (que podem permanecer assim por anos) que vêem simplesmente no método já algum mérito – uma instalação boba é tão boba quanto um óleo bobo; um vídeo granulado e com narração oblíqua e música sobreposta em camadas pode ser tão óbvio quanto uma novela água-com-açúcar; um artista conceituado pode ter projetos não tão bem sucedidos; uma Palma de Ouro em Cannes pode ser um engodo. Há gente que abana o rabo só de ouvir que um filme é todo em plano-seqüência, coisa que não é novidade desde a Arca Russa, ou mais ainda desde Festim Diabólico. É deles muito provavelmente que vem a maioria dos narizes torcidos. Como disse Hannah Arendt, “o revolucionário mais radical se torna um conservador no dia seguinte à revolução”, e a tendência do conservadorismo é opressora. Eles, bem como os que apedrejam qualquer coisa que não fique boa numa parede sem saber onde pisam, devem ser desprezados, a menos que se institua um movimento pró-arte contemporânea (lutando contra os dois casos), semelhante aos que enfrentam o racismo, o machismo, a homofobia e os abusos e preconceitos de toda sorte (preconceitos antigos, mas ainda perenes – o mesmo caso).

Até porque às vezes as vanguardas se disfarçam de mau-gosto e eu sempre penso que o pós-modernismo dá enfim voz ao povo, aceita definitivamente o humano – pois é uma desistência do horror e da empolgação ante um novo mundo do início do último século do milênio passado (cataloga os preguiçosos, os hedonistas, o pessoalzinho que quer curtir a vida e diz que todos podem ser assim).

E, claro, se “a arte revela o humano”, ela vem cumprindo sua missão. Se antes isso era retratá-lo (até a fotografia, num pensamento objetivo que beira o simplório), passou a ser revelar sua ânsia coletiva, e após sua ânsia individual, ou alegria, ou raiva, ou ideologia, enfim, revelar-se. As obras que iniciaram o pós-modernismo ilustram de maneira elementar as definições dele. E, como tudo, um pouco numa via de mão dupla, definiu e definiu-se. E sofisticam-se para expressarem as coisas cada vez mais como são, como surgem. Assim reporto-me a mais um índice de transformação do século XX: Wittingenstein e a crença de que os limites da linguagem são os limites do mundo, do pensamento. A linguagem (todas as artes) que dê um jeito para acompanhar nossas cabeças, independentemente se aplicarmos as artes ao cotidiano, o cotidiano às artes, ou às artes a arte. Em meio aos meios mais especializados isso meio que acontece (como essa minha tríplice utilização para meio – vide vós que a ingenuidade intencional é um recurso, é como meditar) sem querer querendo, muitas vezes.

A atmosfera poética, como falei alguns parágrafos antes (citando apenas algumas possibilidades) é um estado de amplificação: da coisa em relação ao observador, ou do observador em relação à coisa, como supor saber uma verdade do universo. Amplificar é (também) o que a arte faz com a própria arte, como qualquer ciência ou ramo do saber. Picasso amplificou as distorções da tauromaquia de Goya. Para Matisse, o desenho é um registro do gesto, e muitas ações de hoje (ou dos anos 60) são lupas nesse raciocínio – a matéria é um registro do gesto, do que aconteceu. Ou seja, continua-se do que foi feito anteriormente. Considera-se a história (até quando o objetivo é condená-la). É como um time de futebol, como uma pesquisa científica, como a fabricação de um produto, um passando a peteca para o outro blá, blá, blá. Ramifica-se do que já fora antes, como uma árvore que vai da raiz à flor, para não deixar de apelar para mais uma metáfora simples.

Quanto aos arrebatamentos, Gabriel Orozco diz que a arte não pode mais aspirar ser emocionante, pois a Benetton sempre será mais. Aí entendamos emocionante mais para música ao fundo e cabelos ao vento, mais para uma propaganda natalina do Zaffari. Uma emoção gritada, cantada. E o que dizer quando ao amassar uma argila, o próprio Gabriel diz que suas mãos são seu coração? Num movimento simples, sem nenhuma técnica tradicional, uma expressão belíssima. Então é também de sensibilidade, de emoção que falamos. Os trabalhos de Jorge Macchi que trazem as desapercebidas músicas de fundo e os créditos finais do filme para o centro de uma exposição são de chorar baixinho, dentro da cabeça. Faz The Long and Winding Road parecer exagerada (nem é preciso me convencer de Beatles, eu já tenho uma lista de suas 100 melhores músicas quase pronta para publicação).

Ou as garrafas de Coca-Cola de Cildo Meireles: se apenas vermos a fotografia num livro (“arte visual”) elas parecerão ser o mesmo jogo de Warhol. Porém, se nos informarmos a seu respeito, veremos que na contramão da superficialização pós-moderna significada por Andy, Cildo deu um conteúdo à garrafa (encheu-a) e com sua ação criou uma maneira de significar a resistência à opressão. Além da idéia por si só já se valer, ele ainda usa de um mesmo elemento para metaforizar a comparação entre a angústia da sociedade latino-americana e brasileira com a norte-americana. É da consistência que Ítalo Calvino proclamaria, mas não pôde proclamar como queria, para o próximo (este) milênio (plagiei-me daqui). Digo porque talvez não seja só isso (o próprio Cildo critica o excesso de verbalização como característica da arte contemporânea), mas a idéia é redonda.
É preciso então atingir a arte, ou deixar-se atingir por ela, tanto faz o esquema. Quem assistir Vertigo (ou o spoilerano título Um Corpo que Cai ou pior ainda A Mulher que Viveu Duas Vezes) sem lançar o olhar para além da história contada, pode não perceber a reflexão sobre o poder da imagem e a relação desta com o que representa (algo que se vê em A Vila, por exemplo, preguiçosamente acusado de um suspense mal-sucedido) que há ali. Ou os modelos de Robert Bresson, para o qual os atores são apenas referencias para a criação de relações e metáforas: ao ver seus filmes alguns cidadãos saem da sessão a dizer que os atores não se mexem, não têm expressão, são paradões ( certamente eles devem estar no time que diz que “o coringa rouba o filme”).
O prazer da arte é também o prazer da integibilidade, para além de sua força visual. Como na obra Uma Vista, de Cássio Vasconcellos: seria apenas mais um aglomerado de fotos finamente expostas, não fosse a submersão do indivíduo na cidade e a fragmentação dela propostas pela montagem.
É o prazer da elucidação, de perceber o corpo da obra, de conversar com ela, ouvi-la, mesmo quando o que se ouça seja um grito, uma arroto, um espirro.
É chover no molhado, mas saber como se está chovendo. Pois chovendo no molhado criamos uma grande poça, que se acumulou em rio, que vem desde os gregos e antes deles nos homens das cavernas inundando a cidade, e ao mesmo tempo que dá água, desabriga, traz à tona o lixo – mas sempre transforma.
A arte deixou de ser plástica para ser visual, e hoje (há tempos) deixa de ser visual para ser também sensorial, auditiva, presencial, ativa, intelectual, interativa etc não só no seu significado mas também em seu formato.
E se pensarmos no que dizia Picasso, que toda arte é atemporal, pois ela sempre tem de ser de seu tempo, arte contemporânea é um pleonasmo.
Arte é arte, deu.
E, voltando a citar Leonardo, "quanto mais conhecemos, mais amamos".
Então a arte não dá nos nervos, ela encanta.
Ou encanta justamente por atingir os nossos nervos.

 

 

 

 


 

 

 

 

terça-feira, 26 de agosto de 2008

um beijo, beijing

Põe-se um prendedor no nariz das nadadoras sincronizadas a fim de evitar o excesso de beleza gerada pelos corpos das atletas somados aos movimentos por estas e usando aqueles executados;

Atletas brasileiros gritando porra em câmera lenta.

Um filho de Michael Phelps com Shawn Johnson.

Quem roubou a vara da Fabiana Murer foi o velho aquele fanático que atrás do cordeiro de deus achou o Cordeiro, Vanderlei. quatro anos antes nos quarenta e dois mil cento e noventa e cinco metros rasos.

Anti-dopping nos repórteres: adjetivos anabolizantes: Galvão falando músculos impressionantes por causa da saga phelpiana.

Michael Phelps é o novo Pelé das piscinas Pelé é o Pelé dos gramados então o Pelé propriamente dito que paga para não nadar pois nada nada ou não nada nada.

Cesão tentou cantar o hino: a letra era outra: a língua era a lágrima.

Um dos campos mais férteis para a criatividade é o campo do vizinho: inspirar-se em linguagens diferentes (ou ramos diferentes) da que se vai criar. Uma vez quando era criança ouvi até um dono de joalheria falar que dizia aos seus designers para jamais se inspirarem em jóias para fazerem jóias, mas em obras de arte, em músicas, na rua etc. Pois bem, sabemos disso. O Ronaldinho é NBA; o Kaká, religião evangélica.
O jogo entre Espanha EUA foi equilibrado. Mas ginga, marra, a beleza de jogar – claro que uma beleza popular, apelativa, uma beleza peituda e de grande bunda – somente os norte-americanos têm. Evidentemente que para quem gosta do jogo – como na crítica de cinema, na enologia e tudo mais – qualquer jogo que tenha bons times é digno de apreciação e avaliação, e muitas vezes há sutilezas que valem mais que gritos.
Mas ver os norte-americanos comemorando e muito um título de basquete mostra que o “Dream Team” sempre esteve à frente, mas o Dream Team (este s/ aspas) sempre estará: ele, no meu universo de descoberta pessoal, é um símbolo da magia do esporte nascendo para o meu eu-expectador, o nascimento da Olimpíada: 1992.
Então “a olimpíadas” é isso, é ver TV, é dizer a todo momento que não se tratam de humanos, é querer praticar esportes diferentes.
Daí que surge o panatlo (em vez de triatlo). Ou um tudoatlo. Ou sei lá.
E quem sabe, concomitantemente, lutando pelo recorde mundial, nadar por uns 10 metros, marcar um gol e após a comemoração explosiva adequar-se ornalmentalmente ao sofá e ao travesseiro e mantendo os dedos esticados conforme o código pressionar somente o suficiente o on da televisão.

Eu ia dizer que o nado sincronizado e os saltos atléticos (vara, distância, altura) traziam as mulheres mais bonitas, mas talvez eles tragam as mulheres mais modelos, pois mulheres são tão bonitas que não há como não se render à Cristiane camisa 11 dançando enquanto comemorava um de seus golos e isso evidentemente para citar um exemplo apenas – e para dar outro temos a injustiçada cantorazinha que, segundo a versão oficial, foi dublada por “uma colega mais bonita” ou simplesmente “porque era feia”.

O time da Bulgária, por um exemplo, a moça deu uma barrigada (como se tivesse uma) no bambolê (bamboleiioo, sim, veio-me à cabeça a mesma coisa) e ele foi parar na mão da outra – Just do it, impossible is nothing.
E pessoas tiram o prefixo do impossível e ainda tiram notas ruins.

E cada vez mais impossível, e cada vez mais isso é nada: 100 metros em quase 9 segundos e meio. E o pessoal da rítmica da Rússia fez coisas piores. Enriqueceriam num sinal fechado.

O atleta tem de gostar do frio na barriga, do fato de não poder errar, da adrenalina como tantos falam.

Há uma porção de piadas nestes jogos, que são piadas por si só: vara sumir, o argentino também da vara que foi reto, o cubano que não leva injustiça para casa. E há também o Galvão. Eu não sei bem quando foi que ele virou vilão. Se for por isso, muitos outros na TV deveriam virar vilãos também. Mas só os populares são vilões. Até Caetano já virou vilão. Um dos maiores músicos do Brasil, tão importante quanto (ou mais que) Chico Buarque.
É difícil fazer sucesso no Brasil e não virar vilão (nesta conotação, claro, que é uma conotação leve para vilão). O Galvão conversando com os familiraes é pura comédia, é tão bom quanto o Sílvio Luiz dizendo tá todo mundo segurando o tchan. A diferença é que o Galvão vira um comediante sem intenção.

Só quem ganha ou deixa de ganhar uma medalha (só o dopagem faz perder uma medalha) sabe o que é. Em princípio, há que se respeitar sempre o choro alheio, seja ele pelo o que for.




segunda-feira, 25 de agosto de 2008

amor e grande amor


O ator James Marsden é o ator daquele papel daquele cara que é foda, mas que se depara com um concorrante mais foda que ele. Seus adversários são feitos de aço, de adamantium, de descobertas adolescentes.
Ele é o homem comum que perde para o homem de cinema, mas que é uma opção mais segura que a aventura de cinema. Realidade e fantasia. Proibido é melhor etc.
Ou, nestas lições que o cinemão exagerando nos dá, a diferença entre amor e grande amor.
O verdadeiro, o cotidiano, a luta diária vs. a fantasia, o sonho, o que poderia ter sido.


Filmes: X-men, Superman, The Notebook.
Personagens: Jean Grey (Famke Janssen); Lois Lane (Kate Bosworth); Allie Hamilton (Rachel McAdams); Superman/ Clark Kent (Brandon Routh); Wolverine/ Logan (Hugh Jackman); Noah (Ryan Gosling); e a parte mais fraca do triângulo: James Marsden (Ciclope/ Scott; Richard White; Lon Hammond Jr.).

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

derrota d'ouro

Qual foi a derrota mais bonita do Brasil até agora?
O futebol arte das meninas brasileiras com o Galvão falando “você não fez nada errado, Marta”, após a leitura labial confirmar que a camisa 10 plagiara a famosa frase “onde foi que eu errei?”, e lágrimas coletivas unidas a um Brasil em choro uníssono: prata,  também na disputa d’ouro pela derrota mais bela, o que talvez sublinhe então essa derrota dourada. Prata vale prata, e se chorar vale ouro.
E perder na disputa pela melhor perda é vencer autenticamente.
Porque o ouro é de Eduardo Santos: fez valer nos nossos nervos a máxima de que o que importa é competir. Fomentou um momento tão olímpico quantos os recordes Phelpsianos com 100% menos medalhas – porque competiu francamente.
E continuou franco ao falar (repeti daqui).
Bronze para o Diego Hypólito, que apesar das bobagens que falam dele (que importa isso) é homem o suficiente para encarar as dificuldades e  fazer com perfeição o que sabe fazer na hora que precisa, repetir o treino no jogo tanto quanto os vendedores de testosterona do basquete norte-americano. Mas mostrou que é humano o suficiente para tirar uma imperfeição precisamente na hora menos precisa sabe-se lá de onde.
E a feição dele após o erro vai para o dicionário na palavra decepção. Aquilo sim é decepcionar-se, não com a namorada, não com os pais, não com o emprego - mas consigo mesmo no que se faz melhor e na hora que mais precisa – isso é ouro em matéria de decepção, de possível depressão.

Mas isso é seriíssimo: todo atleta brasileiro (a não ser o de futebol masculino - não que não sejam, mas se o forem são-no por motivos diferentes) é vencedor nesta olimpíada, alguns batalharam mais, outros menos, mas são mesmo, todos, amantes do esporte, profissionais amadores (na conotação portuguesa, como explico aqui, que ama). Qualquer explicação que aqui desse sobre isso seria sublinhar o que todos que estiveram lá dizem, ou molhar no chuveiro, ou chover no molhado.



p.s.: A derrota dos EUA no quadro de medalhas não vale. Talvez a referência da simbologia à qual uma vitória chinesa nos remete deixe-nos saudades dos EUA (só um chute político, não pensei tanto a este respeito). E também porque, como disse no post anterior, eles não perdem não.

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

olimpíadas até aqui em alguns segundos rasos

Põe-se um prendedor no nariz das nadadoras sincronizadas a fim de evitar o excesso de beleza gerada pelos corpos das atletas somados aos movimentos por estas e usando aqueles executados/ Talita tá ali: 181 cm e parece uma guriazinha/ há pessoas que só cabem ou são vistos no esporte/ quem garante que todos atletas são homo sapiens?/ atletas brasileiros gritando porra em câmera lenta/ agonia a cada salto de cavalo, a cada salto do rodrigo pessoa, agonia a cada saldo de pessoa / por que o Brasil não está mais à frente no quadro de medalhas? Diego Hypólito movimentos perfeitos e só falam "irmãs Hypólito" / um filho de Michael Phelps com Shawn Johnson/ quem roubou a vara da Fabiana Murer foi o velho aquele fanático que atrás do cordeiro de deus achou o Cordeiro, Vanderlei. quatro anos antes nos quarenta e dois mil cento e noventa e cinco metros rasos/ quem procurou álvaro josé na internet descobriu que ele é pai da fernanda paes leme e como eles são parecidos como eu não havia visto antes desculpamos todos os atletas que pediram desculpa para o brasil o brasil que se desculpa antes quase o bial falando quem caiu no chão e ficou sem chão jamaica pouquíssimo acima de zero no woman no cry run woman run cristiane dias no lugar do léo batista cristiane camisa onze anti-dopping nos repórteres adjetivos anabolizantes galvão falando músculos impressionantes por causa dos feitos phelpianos que michael phelps é o novo pelé das piscinas pelé é o pelé dos gramados então o pelé propriamente dito que paga para não nadar pois nada nada ou não nada nada


Cesão tentou cantar o hino: a letra era outra: a língua era a lágrima.


Quando acabar "a Olimpíadas" eu atualizo com um novo.

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

dear prudence

Looking around que eu me deparei e venho me deparando há algumas semanas com esta propaganda do preservativo Prudence nuns pontos de ônibus.

***
flutuar
tu, ar
tu
ar
***
Após descobrir (descobrir no sentido de começar a usar) esses três asteriscos, eu posso falar de coisas soltas (e óbvias): Eduardo Santos fez valer nos nossos nervos a máxima de que o que importa é competir. Fomentou um momento tão olímpico quantos os recordes Phelpsianos com 100% menos medalhas – porque competiu francamente.
E continuou franco ao falar.
Muito se chora quando se tenta falar o que ouvindo a gente sabe que chorará.
Porque a cabeça quer falar, mas quando se tenta o som caem lágrimas, porque é só o que se consegue emitir no momento, porque o momento (ou sua dor, ou sua alegria, ou só a dor, ou só a alegria) é grande demais (não para achar, mas) para proferir as palavras correspondentes.
E não há como vencer isso.
A lágrima soa como uma bandeira branca, como um tapinha no tatame no Judô.
***
E lágrimas nos olhos, bandeira branca, lágrimas de guerra calham neste escrito:


Máscara
<(Renata Nassif)

"nos dias de luto
deixo os mortos
à terra


maquiagem é escudo
o preto nos olhos
vela a perda


pinto o rosto
como quem vai
à guerra"

terça-feira, 12 de agosto de 2008

u de utopia



O logo logo no início do filme já diz a que o filme veio. É a marca do Batman, está no céu, mas não é tal e qual como conhecemos: este logo do cinema está para o logo do quadrinho assim como o logo do quadrinho está para a imagem de um morcego em si. É uma referência, uma citação, uma inspiração, um conceito, mas é outra coisa, uma coisa nova que, por dentre as nuvens, quase imperceptível, abre o filme sombriamente.

Não é como a esfera amarela que encima a página 40 do primeiro álbum da minissérie Cavaleiro das Trevas, porque estamos numa sala de cinema e o que vemos é cinema. E Batman mesmo é quadrinho, é capa azul, cinto amarelo, uniforme cinza. O Batman fica negro por causa das sombras, não carrega o negro no uniforme.

Sempre é necessariamente uma adaptação toda obra que vira filme – na literatura tanto quanto, por isso é preciso desprender-se do original – a linguagem é outra, e a equivalência da obra não deve estar no conteúdo e sim na maneira como usa da linguagem (por exemplo, eu imagino que o filme La Mala Educación, do Almodóvar, teria alguns recursos parecidos com o livro Budapeste, do Chico Buarque). Porém geralmente o caso dos super-heróis é mais linear: a comparação se dá na narrativa mesmo, no conteúdo, porque o super-herói em si é um conceito narrativo a ser explorado, é uma descrição (argumento) a ser materializada.

Então há sempre uma adaptação mais aguda (em verdade, no caso dos super-heróis, esta adaptação é algo mais superficial do que falava (não num tom pejorativo), como já havia mais ou menos dito ao usar a palavra linear linhas acima) quando se busca realidade. Do contrário, ou temos a coragem visual de Burton ou, claro, ao seu tempo e à sua proporção, o real enquanto realidade de cinema, como no caso do clássico Superman de Donner.

A atuação de Health Leader teve um impacto tão grande por aí que ele até morreu para mitificá-la (agora é um saco ficar ouvindo “o Coringa roubou o filme” – mas a crítica popular deve ser desprezada, caso contrário daria para escrever um livro só para odiá-la). Diverti-me muito, especialmente imaginando a versão brasileira. Mas nada que me levasse a escrever compulsoriamente, como noutros casos.

Bom, este blá-blá todo é porque vi V de Vingança. E não foi no Sistema Brasileiro de Televisão, pois deu anteontem, eu havia assistido uns dias antes.

Chicago, ou melhor, Gotham City, precisa de um herói com face, diz Batman. Mas um herói com face é humano, e portanto não pode ser herói. Um herói sem face é o que temos em V de Vingança. E um herói cuja face pode ser de todos, por não ser a dele.

Sempre falo das metonímias do cinema, como disse aqui, de algum elemento fílmico (que toma de empréstimo tantos outros: palavra, imagem, movimento, som, teatralidade etc, e, às vezes, a convergência destes) que resuma o filme todo.

E temos a cena acima. Resume não só o filme todo como a própria idéia de revolução: Evey beija (uma concretização), mas beija a máscara.

A revolução é um cheiro que nos faz comer algo que não tem semelhante gosto.

Ela fala no homem e na idéia, e ela beija a idéia, pois não pode beijar o homem, que em verdade ela nem conhece, que em verdade não importa. Ela beija a máscara a qual cabe a qualquer um (a idéia) e isso é explicado verbalmente já no início da fita e novamente no fim, sem que fosse preciso (as pessoas (todas, até as já mortas) retirando suas máscaras no final. Assisti sem ter lido o gibi e neste filme também não escreverei criticamente – como o fiz no lugar que foi linkado antes – porque o que li a respeito já me foi suficiente, não tenho a acrescentar. Mas do recorte dele (independente das diversas camadas das quais se originou), esta bela cena resume a utopia da revolução: V era uma paixão intangível para Evey, mas a paixão dela a fez se mover.

E no fim de tudo Batman é bat, simplesmente.

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

olimpíadas

A voz do Álvaro José é a voz dos jogos olímpicos. Porque é a voz dele que passa as coisas que a Globo não passa. As coisas que não têm Brasil no meio, que não são suficientemente populares para romper a grade da Globo. Que são as coisas que me fazem lembrar que estamos numa olimpíada. E a voz dele é uma coisa que me lembra olimpíada. Ou Michael Jordan. E também porque ele (o Álvaro, mas o Michael evidentemente também) manja muito.
***
As olimpíadas nos fazem olhar ao seu país sede, e nos faz olhar coisas que já olháramos, mas nos faz olhar novamente. Como o Kung Fu, a muralha, os pandas (perdoem-me os que por busca de "Kung Fu Panda" pararem aqui). Ou eu simplesmente recebi um e-mail sobre o pós-terremoto com fotos de pequenos pandas-gigantes.




Os pandas não se parecem pandas; parecem crianças vestidas de pandas.
***
Os separatistas, como os clientes, sempre têm razão.

***
Ou é impossível fazer um urso de pelúcia de um panda.


p.s.: recebi essas imagens por um correio eletrônico.

faltou o robin ou versão brasileira

Não a v. Herbert Richards, a versão brasileira mesmo, com brasileiros.
Orçamentinho estourado, fantasia da Renner ou senão da Ughini ou Courolândia Couroesporte.


Hipótese 1

Bruce Wayne: Marcos Pasquim (ou qualquer outro da linhagem dos Raís – pois todos sabem que estas personagens se enraízam no Raí da Quatro por Quatro, a de 94, do Carlos Lombardi, que é um cara mulherengo, bom de briga, bom de bola, órfão de pai, que no fundo é sentimental, que ama verdadeiramente uma mulher somente, que fala "isso eu fiz só pra tu")
Rachel: Daniele Winitz
Coringa: Murilo Benício (?), no caso desta versão, o Coringa teria uma mulher que seria apaixonada pelo Batman
Mulher Gato: Abigail (apesar de não ter, a Betty Lago tem de estar se tem um Raí presente).
Uniforme adaptado de modo a aparecer o peito cabeludo.
O Batman come a mulher-maravilha, a Catwoman, a Electra, a Mary Jane (mesmo sendo do universo marvel).


Hipótese 2

Bruce Wayne: Wagner Moura
Duas Caras: Lázaro Ramos
Rachel: Dira Paes ou Leandra Leal
Coringa: Sélton Mello, ou Matheus Nactergale, ou Dan Stulbach
O Batman é cearense ou baiano.


Hipótese 3

Atores buscados em comunidades carentes.
A voz cavernosa é a mesma, mas, na hora do interrogatório por exemplo, as palavras são “a coisa fedeu pro teu lado, mané, Jim, busca a vassoura!”.
A vassoura do Batman não é simplesmente uma vassoura preta com o logo.
Ela adentra o interrogado e se abre, e tal qual uma hélice faz a limpa no delgado.
E logicamente, dotado de fina ironia, o Cavaleiro das Trevas começa varrendo a sala e diz que quer clarear, “limpar” as idéias do Coringa.
Batmóvel: Kadete Conversível GTI 94 adesivado.


Hipótese 4

Bruce Wayne: Reynaldo Gianecchini
Chefe da máfia: Stepan Nercessian
Com. Gordon: Tony Ramos
Alfred: Milton Gonçalves
(olha que elenco, olha que disputa pelo prêmio Contigo!)
Direção do Jorginho Fernando, aí os adultos conversam sobre sexo, falam "trepar", traições, declarações de amor. Um Batman mais humano, mais próximo, gente que nem a gente.
Seria a única versão que teria o Robin, Filipe Dylon, ou Rafael Almeida, ou Cauã Raymond, ou Erik Marmo, qualquer um deles pegando tanta mulher quanto o Batman.
O vigilante da Lapa.
Ou o cavaleiro do sol, porque trevas não é coisa do Brasil.


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Why so serious quase vira o novo Pede pra Sair.

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Eu não vi a versão dublada, mas parece que ia ser o Ettore Zuim.
Se fosse animação ia ser o Miguel Falabella, o que é uma decisão sempre estranha pôr um famoso, que nem aquele elefante desgraçado, que cada vez que aparecia no gelo me vinha o Diogo Villela à cabeça.


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Como fazer um filme do Batman s/ o Robin?
É que nem a Sandy s/ o Júnior, Piu-piu s/ frajola.
Robin é carnaval, Robin é Brasil (até a máscara), Robin é futebol.
Santa pretensão, hein Cristhoper?
O Robin podia salvar vidas enquanto o Bruce providenciava uma mega rede com todos os celulares (será que pré-pago entrava?) da metrópole. Ele podia pegar uma procuração do Bruce e assinar os B.O. p/ liberar o Batman.
O telefone vermelho, o Adam West ter sido recusado, o pau-de-sebo, o pingüim, tudo bem... mas o Robin?


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Quer dizer que a regrinha do Batman de poupar vidas não vale p/ cães?
Esperamos uma resposta, Batman.
A menos que os pobres Rotweillers tenham permanecido vivos.


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Aguardamos agora o filme do Space Gost, este sim um verdadeiro mascarado.

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

habemus vilã

Depois que a Patrícia Pillar mandou o Walmor Chagas p/ o inferno, ela fuma, faz sexo por fazer sem musiquinha para tornar isso comédia e afirma a cada segundo que finge qualquer bondade. Adquiriu, em dois dias, hábitos condenáveis no universo teledramático.


Agora temos otários, agora temos dissimulação, agora temos um cristo pagando os pecados dos outros, agora temos quem faça o que fazemos para condernarmos nosso próprio reflexo. Agora virou novela das oito.

sábado, 2 de agosto de 2008

novos vídeos

Novos vídeos:


1. 2.


3. 4.


1. idéia: vem e vão .têm raízes .crescem .nascem .passam .voam .vem .entram .sem .saem .são .passam .pássaros .por .aqui .ascendem .acendem.


2. Quando se olha os olhos nem sempre são olhos nos olhos.


3. Um violão tem vida e portanto reage. Um violão tem vida e portanto também pára de viver.


4. Um livro tenta falar, mas só fala se for lido.


Estes são mais minimals. Estão em produção alguns outros, mais épicos, devo postar em breve no meu tube.


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