
Apelemos aos adjetivos: as imagens de Antichrist eram para ser asquerosas, mas há certa esterilidade em torno delas. Pessoalmente eu sou de me assustar muito com filmes de terror: dormi mal durante um bom tempo após enfrentar (o verbo já denota a relação que tenho com estes filmes) O Chamado (a versão americana mesmo) e O sexto sentido (à época eu mais adolescente que hoje, no que me tornei um fã de Shyamalan, mas por outros motivos que não os sustos). Mas saí da sessão de Antichrist sem aquele mal estar – mas tão somente satisfeito pelo trabalho de edição de arte e fotografia.
E aí entramos num ponto difícil, ou nebuloso, para continuar abusando dos adjetivos: esta esterilidade seria falta de domínio do tempo (fundamental para o terror/ suspense) por parte de Lars Von Trier ou uma intencional busca de certo estranhamento, algo como as fotos de Jeff Wall ou mais formalmente Andreas Gursky?
O público já se acostumou ao terror e, em termos de gênero, o que se vê no filme não é novidade alguma. Tampouco é um ready-made ou ironia à Tarantino.
Eu não apostaria na ingenuidade de Lars Von Trier, talvez numa cegueira (ou desprezo ao negócio) na vontade de exorcizar-se na arte, mas ao que me parece a intenção é uma imobilidade , uma frieza para com o horror (pessoal, inclusive).
Coisas como “exagero” e “dispensáveis” certamente não cabem às imagens mais “polêmicas”, que para não variar tomaram o foco do filme por parte da média mídia.
Algumas explorações formais lembraram-me o grande Paranoid Park, como o barulho vindo dos carvalhos. Mas de modo mais seco (comparar, por exemplo, com a expressão formal retirada do barulho da água na antológica cena em que Alex está no chuveiro).
Estava ansioso em ver Charlotte gozar/sofrer submetida ao diretor. E à mistura de paranóia/ terror/ sexo/ diabo explorada expressivamente (destaque para as belíssimas imagens do ursinho contrastando com a penetração em foco no prólogo e o cabelo do menino denunciando o efeito da gravidade).
p.s.: li pouco (melhor: nada) a respeito das possíveis simbologias do filme ou mesmo críticas, então esta foi uma breve análise crua – por esse possui a tag cinema, mas não a tag crítica.
E aí entramos num ponto difícil, ou nebuloso, para continuar abusando dos adjetivos: esta esterilidade seria falta de domínio do tempo (fundamental para o terror/ suspense) por parte de Lars Von Trier ou uma intencional busca de certo estranhamento, algo como as fotos de Jeff Wall ou mais formalmente Andreas Gursky?
O público já se acostumou ao terror e, em termos de gênero, o que se vê no filme não é novidade alguma. Tampouco é um ready-made ou ironia à Tarantino.
Eu não apostaria na ingenuidade de Lars Von Trier, talvez numa cegueira (ou desprezo ao negócio) na vontade de exorcizar-se na arte, mas ao que me parece a intenção é uma imobilidade , uma frieza para com o horror (pessoal, inclusive).
Coisas como “exagero” e “dispensáveis” certamente não cabem às imagens mais “polêmicas”, que para não variar tomaram o foco do filme por parte da média mídia.
Algumas explorações formais lembraram-me o grande Paranoid Park, como o barulho vindo dos carvalhos. Mas de modo mais seco (comparar, por exemplo, com a expressão formal retirada do barulho da água na antológica cena em que Alex está no chuveiro).
Estava ansioso em ver Charlotte gozar/sofrer submetida ao diretor. E à mistura de paranóia/ terror/ sexo/ diabo explorada expressivamente (destaque para as belíssimas imagens do ursinho contrastando com a penetração em foco no prólogo e o cabelo do menino denunciando o efeito da gravidade).
p.s.: li pouco (melhor: nada) a respeito das possíveis simbologias do filme ou mesmo críticas, então esta foi uma breve análise crua – por esse possui a tag cinema, mas não a tag crítica.
Eu fui um que saiu da sessão com o tal mal estar, semiputo, meio constrangido por ter que esconder espasmos e dedos trêmulos e coisa e tal.
ResponderExcluir'Semiputo' boa.
ResponderExcluirUm que eu não verei é o "Atividade Paranormal", por exemplo. De jeito nenhum - ou fico s/ dormir 90 dias.
Não considero este um filme de terror, no que diz respeito à classificação clássica. Sim, há elementos de suspense, de violência, mas creio que o filme se encaixa muito melhor como drama psicológico, ou, sendo mais vaga ainda, na categoria de "arte". Segue a tese e a estética do choque que o direito imprime como marca registrada em seus filmes e coisa e tal. A tal esterilidade a que você se referiu, é até proposital. É um clima de pesadelo o que passamos ao longo de todo o filme, e eu fui uma dessas que saiu do cinema com um mal estar e sem conseguir pensar em outra coisa. Altas viagens. E meu comentários sempre são grandes demais.
ResponderExcluirNão são não. De repente eles acabam (falo sobre o(s) comentário(s) e no tom do elogio então).
ResponderExcluirE me parece mesmo que é proposital. Drama psicológico, mas que não se carrega tanto em si, quero dizer, depende da instabilidade psicológica do espectador para pertubá-lo (se tivesse assistido ao filme em 2002 ficaria muito conturbado) - quero dizer, mas que um filme psicológico, é um filme pessoal, como se fosse um post ou um texto de diário. Lars Von Trier quis dividir isso conosco; portanto como filme, como cinema, ele é mais visualmente artístico do que "cinemamente" artístico - e foi por isso que citei Paranoid Park, porque ali o filme na maneira como se engedrou registra um drama psicológico que atinge qualquer um.
eu também não verei atividade paranormal até pq já SONHEI com o filme ANTES de ver. gostei do anticristo, aquele mato verde transmite um medão, pelo menos pra mim....
ResponderExcluirPois é, acabei vendo o AP. Vi no computador (não curto, mas meu amigo-cunhado baixou e tal) e PASSEI TRANQÜILO - ainda que na noite imediata dormi c/ a minha garota, quando fui dormir solito, anteontem, deixei a luz acesa. Senti bem mais medo ANTES, imaginando como seria.
ResponderExcluirQuanto a sentir medo do mato, passei pela experiência (esteticamente magnífica) no GENIAL The Happening do Shyamallan.