4ºC em Canoas anteontem. 4 “cê”, 4 centígrados. 1, 2, 3, 4, mais nem um. Lembro-vos que a água (aquele líquido que bebemos um pouco para ñ morrer e muito para viver) congela, vira pedra, vira em cubos uma ferramenta para gelar a própria água com quatro pontos menos. Imaginem no Chile, nos Andes, na Antártida, em Dublin há uns meses atrás.
Os poucos Celsius mudam a paisagem, mas, no caso de Canoas, sob cujo céu durmo e muitas vezes acordo, sobre a qual não neva (mas já nevou na década de 50, segundo os velhos) muda mais a paisagem vetorial, que são os seres, vivos, obviamente, mas também porque não os mortos que talvez durem um pouco mais (?).
Ex.: mulheres. Um padrão se determina: põe-se mais roupas. Umas aproveitam para ficarem ridículas, outras para ficarem capas de revista. Isso se se falasse como o povo pensa, pois é o que os olhares (refiro-me aos olhares de intenções instintivas, ditas más, e não àqueles que tiram das coisas outras coisas que não estão tão evidentes (sim, a poética etc.)). As “ridículas” se parecem crianças, bebês cheios de roupas, empacotados com o CUIDADO FRÁGIL que nem na propaganda antiga. E não raro usam moletons do Mickey falsificado (ou moletons falsificados do Mickey verdadeiro).
E assim elas ficam bonitinhas (que não é feia bem arrumada como dizem, é bonitinha, um bonito não tão urgente de consumação, ou ainda uma consumação homeopática).
Então não só uma questão de invólucros: a beleza está também na disciplina de se erigirem indefectíveis e assíduas numa manhã que começaria só ao meio-dia de acordo com a vontade dos cobertores (um acórdão, pelos comentários hoje foi foda sair da cama das pessoas); há também na insegurança em não sair mais desarrumada, na noção estética da escolha das roupas ou ainda na manipulação das tendências captadas em revistas ou noutras moças. Ou está justamente no ponto contrário, no desprezo a isso tudo, ou numa esfera ainda mais relativa na boa ou má sorte da exceção: não só a de quem não teve tempo e saiu um dia com um ramelo gelado no olho ou um ranho congelado no nariz, como também a da virada para lua de quem resolveu sair bem para arrasar (a partir de) hoje (no caso, naquele dia, dia 17 de junho).
E, claro, sobretudo no que está sob todas as roupas, e em como estas todas sobre ela influenciarão na noção que se terá sobre ela quando ela estiver sob nada (s/ sobre ela que ia ficar bagaça a fu).
Uma orelha não pode ser alterada. E poucas coisas o podem numa mulher, especialmente sem um intervalo de tempo devido, que é o existente entre vê-la com e sem roupa, geralmente. Nestes dias frios, a nudez é como a menor boneca de uma boneca russa, abaixo de vários outros modelitos que se revelam conforme o dia fica menos frio.
Sob nada elas seriam o que são. Sob nada que elas podem guardar surpresas. Pouco muda, neste caso (nesta paisagem), devido ao estado atmosférico: uma veia, uma coloração mais ou menos rosada ou vermelha por causa da temperatura. O que muda é a temperatura mesmo, o humor, e aquelas coisas que os olhares (não os instintivos, não o do pessoal que olha as bundas como eu deixei subentendido com a palavra instintiva umas linhas (quiçá parágrafos) acima) captam. E, voltando ao visualmente, tudo o que ela fez e escolheu antes, pois a nudez só fica nua depois de se despir do que provoca, do que a faz se fazer necessária.
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Oi João.
ResponderExcluirAdorei este seu post...então as moças aí andam, no inverno, embrulhadas para presente? Não gosta de surpresas? rss Eu prefiro o frio, mas como em Beagá ele não é tão intenso, as roupas, as modas aqui nesta época até enfeitam as mulheres, eu acho. Me gosto mais, meus olhos ficam mais verdes e minha pele mais corada, com o frio, sem falar no meu humor que fica ótimo, já que não gosto de calor.
Desculpe a minha longa ausência, mas está faltando um tantão de horas no meu tempo... mas sempre é um prazer ler você.
beijos mil