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terça-feira, 30 de setembro de 2008

para pará: pára.


Talvez a saída seja falar diretamente ao Pará, a fim de que ele pare, ele, com sua definição subjetiva de terra, e de seu céu sobre a terra, na qual todos usam seu nome, ou numa esfera mais subjetiva ainda, subjetiva porque real, porque o Pará é um nome, porque ele é um pedaço da Amazônia, e seu pedaço, ou sua Amazônia, se voltarmos a abstração Pará, deveria ela reagir, com seus jaguares, suas sucuris e até trazer uns guarás do pantanal, estes que mesmo não ferozes assustariam os filhos dos trabalhadores, para que aquelas pobres gentes arranjassem um jeito outro de se alimentar, e para que aqueles ricos arranjem um outro ouro fácil que não queime nossa floresta. Se a Europa queimou as dela e todos queimaram as suas, se a Índia desgraçadamente (e desgraçadamente somente se usa em certezas) mata seus tigres para fazer viagras placebianos que vá tudo para o inferno, porque não é porque teu primo pula num poço que tu vais pular também.
Eu não sei o que fazer além do pouco que faço da cidade, que é ajudar quem faz alguma coisa, dize-me, se souberes.

Discordamos muitos de música, de arte, da vida, do que quer que seja, mas há unanimidades porque verdades simples: e a floresta queimada virando pasto para gado, virando plantação de soja que virará alimentação de gado, ou virando madeira é isso que nos dá vontade de matar não alguém, mas quem faz isso.


p.s.: após o Lula lá assinar o negócio da língua portuguesa, talvez tenha de mudar com o tempo os acentos ali em cima. Minha opiniãozinha sobre o assunto está aqui.

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

anotar alivia

áudio



O corpo sua seu espírito.
Um papel, agora mesmo, para enxugar a transpiração; para segurar o espirro.

Anotar alivia.

O papel (higiênico, panfleto) é como um prêmio.
O ouro foi achado. O mapa está feito.

análise do que nem eu que faço vejo


“Eu vejo (posso estar errada) o seu desenho acontecendo, fluindo, se formando de maneira quase independente da sua mão, embora fruto dela. Enxergo a riqueza de detalhes, a fúria e a delicadeza; uns pontos de frustração, outros de redenção. Nada é estático, nada é imediato -- ou melhor, é um sentimento imediato e rico, que se adensa com novos olhares, com novas visitas. É o meu olho se amoldando e se surpreendendo ao que é seu figurativo, mas nem tanto! É o figurativo oferecendo uma gama de possibilidades muito maior do que o abstrato. É parecido com a vida (...)”

 


Trecho de Renata Nassif. Esta orgulhosamente linko, aquele orgulhosamente colo. 
Elá já escreveu muitos desenhos meus, assim como da Maína.

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Colisorzão de Hádrons 2.0

Dessa vez maior: 40 km de largura. 78 anos de feitura. Um projeto guardado em segredo por anos.
Mobilizou toda a comunidade estelar: várias celebridades que, embora não saibam por que estão ali, ganharam um ingresso vip e curtem o evento do ano com alegria e descontração.


 

No centro do debate (ou na intermediária, porque no centro estão os flashs e os mais sexy do ano), e da máquina, a cabeça: investigar os mistérios da cabeça – pois, como no espaço, a maior parte do espaço é vazio.




10¹ KB de memória para acelerar as partículas à meia-luz: a colisão do tico e o teco.
Para ver se eles se cumprimentam, dão dois ou três beijinhos, comentam do tempo e decidam fazer alguma coisa juntos.

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

JOÃO'S OPINIÕES ruma ao ano II

1% de século. 1 ano. 365 dias. 8.760 horas. 525.600 minutos. 31.536.000 segundos.
Bem, o resto ou é fração de segundo, ou fração de século, ou de milênio.
Não revisei o cálculo, até porque o dia tem mais de 24 horas e num nível civil este ano foi bissexto. Mas deixemos assim pela simbologia.


Enfim, 1 ano no ar. Claro que em 1 ano (e em todas as outras unidades equivalentes) a maior parte do tempo eu não estava necessariamente produzindo, até porque as coisas são assim, mas boa parte do tempo eu pensava “eu tenho de deixar este blog mais fiel ao que realmente surge, em vez de ter aquela pá cheia (ou pás cheias – um carrinho de mão, pá, pá, parararapá) de anotaçõezinhas de idéias e textos apenas iniciados”.

Enfim, a velha discussão a respeito de possibilidade e realização, de qual eu tenho mais um texto rascunhado.

Enfim, para relembrar (em CAPS LOCK):
POST nº2: 1º POST, a pedra fundamental.
E os blogs que se uniram (mas tudo que tem lá veio p/ cá) e formaram este:
ESCREVÊ-LA
PQPETC

JOÃO'S OPINIÕES ANTIGO


E ainda no clima CAPS LOCK:  QUE ESTA DATA SE REPITA MUITAS E MUITAS VEZES, PELO MENOS UM TREZENTOS E SESSENTA E CINCO AVÓS DELA MESMO EU GARANTO, POSTO NÃO TER PLANOS DE ENVIAR TUDO À LIXEIRA AMANHÃ DE MANHÃ.

E, como não poderia deixar de ser, quem está de aniversário é o JOÃO’S OPINIÕES, mas quem ganha o presente é você:

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

colisorzão de hádrons

O LHC, Large Hadron Collider, 27 km, vários anos para ser feito, vários envolvidos, países, cientistas, vários $, centenas de bilhões de bits.
Um monstrão, uma toupeira colossal abaixo da terra para uma pergunta simples: de onde viemos?


Agora imagina o tamanho da geringonça para outras maracutaias, como “quem sou eu?” ou “o que você está pensando?”?

Talvez muitas respostas apareçam no túnel, afinal é um experimento.
Não custa lembrar, em 11 de setembro, além do que todo mundo lembrou, os Beatles gravaram seu primeiro single, em 1962 (não estou certo quanto a isso, mas esta coisa de se pôr em prática o que se queria fazer há tempos (e mesmo numa esfera pessoal, nesta época eu comecei com o blog) é coisa de primeira quinzena de setembro, mês-mudança, mês-início, mês-explosão, a menos que elas sejam ilusões sintomáticas da primavera meridional).


"Não te espantes com máquinas, com invenções de última hora. Inacreditável é a quantidade de elementos que ainda não obedecem aos homens."
Mar, de Gonçalo M. Tavares

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

o frio é fogo

Eu não sou de dizer eu disse, mas eu disse: não subestimem o inverno gaúcho (o sul-rio-grandense pertence ao termo gaúcho). Não subestimem a porra do inverno gaúcho. Não subestimem o magnífico inverno gaúcho.
10ºC. Frio, ainda que os gaúchos digam que dez graus não é nada, ou seja, que são muitos, por estarem acostumados a bem menos, a pouquíssimos.
Mas o vento deixa o frio dopado, na conotação atlética do termo, de melhor desempenho.
Como se num repente estivéssemos todos andando em motos. De tal modo que uma sacola voando não era apenas uma sacola voando, era uma sacola voando e com frio.


O frio: ele fenixosamente retorna sempre. Setembrão e o bicho pegando. O bicho tremendo. Nevando em cidades que não se viam sob neve há dezenas de anos.
Mas punk mesmo foi o do ano passado, um inverso sólido, intenso e constante (quase que os três significam a mesma coisa) de oito meses – costume novamente gaúcho de valorizar a história dos invernos (“no meu tempo o mau tempo...”).
O frio gera conforto nas pessoas justamente pela sua ausência, ou melhor, pelo seu isolamento ou neutralização.
Proteger-se do frio, da chuva os tornam coisinhas fofas “que chuvinha boa, que friozinho p/ ficar dentro de casa”, quando em verdade eles são devastadores. Queimam. São lâminas, ambos. Ou todos, inclui-se aí o vento, do que eu originalmente falava.
Estima-se assim o desconforto que seria estar lá os enfrentando, quando numa briga covarde se apela a paredes e calefações, usando destes termos aplicáveis a crianças, falando em cãezinhos quando tratamos com bestas.
Pois apenas se supõe. Somente se conhece o frio – e sua gangue - quem (aqueles que) o(s) enfrenta(m) (jogar bola na chuva, no inverno, por um exemplo, para não me reportar a problemas sociais que me levariam a desviar severamente o assunto). Aí é o frio desgraçado, maldito.

Só assim se pode saber (saborear, a sabedoria da etimologia) seu poder.
Por isso há tanta dor de cotovelo. A verdade tem de ser vista por fora, o valor tem de ser mensurado pela ausência, pelo tamanho do vazio deixado.
Conhecer o amor é sofrê-lo.

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

palavra.imagem.pele

No Jô, ontem, três mulheres: uma linda, outra linda e outra linda: lindas.
Deu-me curiosidade.
Lançarei uma metáfora bagaça (brega) para explicar: plantar curiosidade é um dos adubos da beleza da mulher, como se a mulher fosse a terra do que planta (até não ficou tão brega).

Isso vale para tudo, mas neste caso considero o corpo. Ou melhor, considerando que o rosto faz parte do corpo, e assim sorrisos e olhos, a imagem, da curiosidade ligada à imagem (por isso o vestido é um das intervenções mais inteligentes na nudez).



Elas deram seu endereço na web.
Fui ao endereço.
Havia um banner delas no Paparazzo.
Fui ao Paparazzo.
Elas já estavam lá, todas, semi-nuas.


Se cedermos ao virtual e somente isso é tudo tão, tão fácil.
Mas a resposta do que é fácil é proporcional ao esforço.
“Oi, meu nome é João, sua panturrilha é tão bonita que eu moraria com ela” no virtual vira um comentário, na vida real não é bem assim. Aí de devermos aprender alguma com a gentileza do mundo virtual.
Mas não é isso: a imagem é somente a imagem e não o que representa, assim como a palavra é só a palavra, e não o que representa: porque o modo de mandar até uma cantada (que já é algo estranho) meio estranha (mais estranha ainda) é o determinante. Porque não são as palavras, mas a voz, a entonação, o momento, assim como é o cheiro, a pele, o movimento: claro que a ossatura (a imagem, as palavras) estruturam isso tudo, são um projeto – mas realizar relaciona-se a construir.
Porque mais que isso é o que damos ao que vemos – e aí entra nossa imaginação preenchendo o espaço que o virtual oferece. Levanta que eu corto, cruza que eu cabeceio, passa que eu chuto, alça que eu enterro.
O gozado (olha o abuso de frases com sentido ambíguo para cabeças maldosas (na conotação de mau tipo “dogão é mau”)) ainda é a permuta de funções: no caso da palavra a imagem pode fazer um papel de realização e a influenciar: voltando ao infame exemplo de cantada: muita mulher por aí ia se o Chico dissesse “tu é sempre assim ou tá fantasiada de gostosa?”.

Enfim, muita filosofia sobre o mesmo de sempre, então paro já.



***

es.tro¹
sm (gr oístros)
1. Entusiasmo artístico; veio, gênio, inspiração.
2 Época em que a fêmea está pronta a receber o macho.


oestrum/ oestrus/ estrus
sm
1. a regularly recurrent state of sexual excitability, heat.
2 inspiration, poetic inventiveness, talent.


Estro²
sm (gr oístros) Entom Gênero (Oestrus) de moscas no qual se inclui Oestrus ovis, espécie cujas larvas se desenvolvem normalmente na cavidade na¬sal dos carneiros; originária da Europa, intro¬duziu-se no Brasil.


oestrus,
do latim: abatão, a mosca das bestas (segundo meu amigo Filipe Rosseti, estudante de muitas línguas), aquela que pica e os bichos ficavam nervosos. Alguns dizem ser tão somente a mutuca.


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Expointer, touros-riconceronte, porcos mansos, pessoal pegando trem na Luiz Paster a fim de evitar a estação Esteio lotada.
Um homem de gravata na TV dizendo que a pele da chinchila (que é muitíssima mais densa e macia que o cabelo humano – especialmente em relação ao meu – li na Wikipédia) é a mais valiosa do mundo, além de ser muito durável e reconhecível de longe...


E sabe no que a pele da Chinchila fica linda?
Na Chinchila.


***

Aquela coisa, né: as pegadoras (não porei isso de tag para não receber um ibope que não mereço), usando só uma pele de chinchila, dizendo pro Chico “dá para jogar uma bolinha de gude com esses olhos?” ele ia.



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A pele na origem, a palavra na origem, a imagem na origem:
A palavra na imagem: a imagem na pele.

A mosca na velha, a velha a fiar.

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