No Jô, ontem, três mulheres: uma linda, outra linda e outra linda: lindas.
Deu-me curiosidade.
Lançarei uma metáfora bagaça (brega) para explicar: plantar curiosidade é um dos adubos da beleza da mulher, como se a mulher fosse a terra do que planta (até não ficou tão brega).
Isso vale para tudo, mas neste caso considero o corpo. Ou melhor, considerando que o rosto faz parte do corpo, e assim sorrisos e olhos, a imagem, da curiosidade ligada à imagem (por isso o vestido é um das intervenções mais inteligentes na nudez).
Elas deram seu endereço na web.
Fui ao endereço.
Havia um banner delas no Paparazzo.
Fui ao Paparazzo.
Elas já estavam lá, todas, semi-nuas.
Se cedermos ao virtual e somente isso é tudo tão, tão fácil.
Mas a resposta do que é fácil é proporcional ao esforço.
“Oi, meu nome é João, sua panturrilha é tão bonita que eu moraria com ela” no virtual vira um comentário, na vida real não é bem assim. Aí de devermos aprender alguma com a gentileza do mundo virtual.
Mas não é isso: a imagem é somente a imagem e não o que representa, assim como a palavra é só a palavra, e não o que representa: porque o modo de mandar até uma cantada (que já é algo estranho) meio estranha (mais estranha ainda) é o determinante. Porque não são as palavras, mas a voz, a entonação, o momento, assim como é o cheiro, a pele, o movimento: claro que a ossatura (a imagem, as palavras) estruturam isso tudo, são um projeto – mas realizar relaciona-se a construir.
Porque mais que isso é o que damos ao que vemos – e aí entra nossa imaginação preenchendo o espaço que o virtual oferece. Levanta que eu corto, cruza que eu cabeceio, passa que eu chuto, alça que eu enterro.
O gozado (olha o abuso de frases com sentido ambíguo para cabeças maldosas (na conotação de mau tipo “dogão é mau”)) ainda é a permuta de funções: no caso da palavra a imagem pode fazer um papel de realização e a influenciar: voltando ao infame exemplo de cantada: muita mulher por aí ia se o Chico dissesse “tu é sempre assim ou tá fantasiada de gostosa?”.
Enfim, muita filosofia sobre o mesmo de sempre, então paro já.
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es.tro¹
sm (gr oístros)
1. Entusiasmo artístico; veio, gênio, inspiração.
2 Época em que a fêmea está pronta a receber o macho.
oestrum/ oestrus/ estrus
sm
1. a regularly recurrent state of sexual excitability, heat.
2 inspiration, poetic inventiveness, talent.
Estro²
sm (gr oístros) Entom Gênero (Oestrus) de moscas no qual se inclui Oestrus ovis, espécie cujas larvas se desenvolvem normalmente na cavidade na¬sal dos carneiros; originária da Europa, intro¬duziu-se no Brasil.
oestrus,
do latim: abatão, a mosca das bestas (segundo meu amigo Filipe Rosseti, estudante de muitas línguas), aquela que pica e os bichos ficavam nervosos. Alguns dizem ser tão somente a mutuca.
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Expointer, touros-riconceronte, porcos mansos, pessoal pegando trem na Luiz Paster a fim de evitar a estação Esteio lotada.
Um homem de gravata na TV dizendo que a pele da chinchila (que é muitíssima mais densa e macia que o cabelo humano – especialmente em relação ao meu – li na Wikipédia) é a mais valiosa do mundo, além de ser muito durável e reconhecível de longe...
E sabe no que a pele da Chinchila fica linda?
Na Chinchila.
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Aquela coisa, né: as pegadoras (não porei isso de tag para não receber um ibope que não mereço), usando só uma pele de chinchila, dizendo pro Chico “dá para jogar uma bolinha de gude com esses olhos?” ele ia.
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A pele na origem, a palavra na origem, a imagem na origem:
A palavra na imagem: a imagem na pele.
A mosca na velha, a velha a fiar.
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